O vício da leitura telegráfica

[Por Helena Duncan]

Quando comecei o blog, estava muito empolgada não só com o assunto, mas com a possibilidade de voltar a escrever mais. A gente faz jornalismo na faculdade porque gosta basicamente de escrever, entre outras coisas. Aí começamos a trabalhar e, no meu caso, acabei num ponto em que, dentre as prioridades da minha função, não está escrever diariamente. Daí a alegria com o papel em branco a ser preenchido.

imagem2

O fato é que 2013 foi um ano tão cheio de novidades profissionais que eu acabei conseguindo dedicar menos tempo do que gostaria ao blog e à escrita. Só o fato de manter páginas no Facebook e no Twitter pro Etiqueta todos os dias já exige uma dose de pesquisa diária que, se eu não contasse com minha superequipe, não conseguiria! Mas, no fundo acabei cedendo a algo que eu mesma costumo criticar, a falta de tempo.

Hoje eu estava lendo o jornal e me peguei pensando na crise que a indústria da notícia passa, na diminuição das tiragens dos maiores jornais e revistas do planeta, em como as pessoas hoje em dia devem preferir ler posts de 140 caracteres, ou só um pouco mais do que um texto longo. Não é só culpa das pessoas, nem da tecnologia (que amo e da qual sou uma entusiasta), mas do estilo de vida que adotamos. A leitura telegráfica virou convencional.

Escrever dá trabalho, escrever bem não é só inspiração, exige também tempo e suor. Por isso quero dedicar esse post à jornalista Dorrit Harazim, que discorreu com brilhantismo sobre o posicionamento da Roseana Sarney diante do horror ocorrido no Maranhão em sua coluna de domingo no jornal O Globo (http://glo.bo/1frXQ6I). Também ao João Ubaldo Ribeiro, que sempre me diverte com seus textos, tanto em livro quanto nas colunas, e falou tão bem esse fim de semana sobre o vício que temos em ser ocupados e programados (me identifiquei com isso) – http://bit.ly/1ahy6pg. A todos que dedicam tempo ao ofício da escrita de boa qualidade, não importando se o mundo parece caminhar para o lado oposto. Quando a gente economiza na leitura em função dos formatos atrativos da internet e da falta de tempo, muitas maravilhas se perdem no caminho! #FicaDica

imagem1

4 Respostas para “O vício da leitura telegráfica

  1. Pois é Helena, acho que a gente até tem paciência em ler textos longos, talvez a falta de paciência seja em abrir um livro ou um jornal já que temos a facilidade da internet.
    Eu procuro me forçar a ler livros e jornais e tenho um blog pra me forçar a pensar e escrever, acho se suma importância pra quem trabalha com comunicação, pra saber falar correto, etc.
    Mas eu não costumo reler o que escrevo antes de postar, porque acho que pode mudar a minha ideia central, então sempre corrijo depois e mesmo lendo e escrevendo pego alguns erros, na maioria das vezes de digitação, e aí penso que nosso outro problema é a pressa, queremos ler e escrever tudo muito rápido, até pra não perder o time da notícia.
    Então, a rapidez da internet, junto com nossa falta de tempo, faz com que dediquemos menos tempo ao jornal impresso, que temos que ler de forma mais fragmentada, ou aos livros que podem pesar.
    Mas eu particularmente não abro mão de um livro, que eu possa pegar, por um em tablet, celular.
    Fico com um pouco de medo que isso se perca no tempo, o prazer de ir numa livraria, de viver esse momento que pra mim é tão bom.
    E o pior é a desvalorização dos grandes escritores, que batalharam pra publicação de suas obras e hoje em instantes você pode obter a mesma num arquivo PDF.

    Acho que algumas coisas não poderiam mudar tanto.

    Parabéns pelo post! 🙂

  2. “(…) Não é só culpa das pessoas, nem da tecnologia (que amo e da qual sou uma entusiasta), mas do estilo de vida que adotamos. (…)” – este trecho descreve, com exatidão, o que penso sobre o tema “tecnologia X leitura/escrita de qualidade”. A internet, por vezes (e muitas vezes) facilita as nossas vidas. Por exemplo, ao invés de carregar um Vade Mecum para a faculdade, baixo no iPad o app, o qual contém as mesmas legislações e é rigorosamente atualizado, e o utilizo em sala de aula. Prático e bem mais leve! No entanto, ao buscar informações, textos ou o que seja, na internet, só cabe a mim selecioná-las. Tornar-se escrava do Google é uma alternativa que eu tenho (e que, ainda bem, descartei há tempos). Por mais que goste de tecnologia e seja viciada nisto, não existe nada melhor do que poder ler um livro, enquanto se sente o cheiro de suas páginas. Quanto à escrita, substituí de vez o caderno pelo iPad e, na hora de escrever nas provas, minha letra sai um desastre. É o preço que se paga…haha! Nem 8 e nem 80…devemos abrir espaço para as novidades, sem, porém, esquecer os velhos hábitos. Vejo a internet como um COMPLEMENTO útil e necessário para a minha formação.

Deixe um comentário